Pesquisadores
da UFF descobrem nova terapia de combate ao câncer
19/4/2005
Pesquisadores da UFF descobriram um novo método de utilização
para a substância conhecida como álcool perílico
(AP), um lipídio que pode ser extraído de óleos
essenciais de várias plantas como frutas cítricas e
vegetais. Utilizado em pacientes com câncer - terceira causa
de morte no mundo -, o AP - em ação "in vitro"
- inibe em menos de meia hora a proliferação de células
cancerosas por um processo chamado apoptose, tipo de morte celular
que não causa necrose. A terapia já está sendo
aplicada em pacientes do Hospital Universitário Antônio
Pedro (Huap), e os resultados têm sido animadores, aumentando
a sobrevida e até fazendo regredir tumores.
O câncer atualmente é a terceira causa de morte no mundo.
Mas uma nova esperança surge no combate à doença.
Pesquisadores da UFF descobriram esse novo método de utilização
para a substância conhecida como álcool perílico
(AP), um lipídio que pode ser extraído de óleos
essenciais de várias plantas como frutas cítricas e
vegetais. O trabalho está sendo desenvolvido por Thereza Quírico-Santos
(coordenadora-geral do projeto), Regina Caetano (ambas do Instituto
de Biologia), Débora Futuro (farmacêutica da Farmácia
Universitária responsável pela parte aplicada), e Clóvis
Orlando da Fonseca (coordenador da parte clínica dos pacientes
e neurocirurgião do Huap).
Em sua dissertação de mestrado, Fonseca comprova a ação
"in vitro" do álcool perílico em células
de tumor no cérebro. O AP inibe em menos de meia hora a proliferação
destas células por um processo chamado apoptose, tipo de morte
celular que não causa necrose. Ela ocorre pela fragmentação
do DNA e, desta forma, as células cancerosas perdem a capacidade
de se multiplicar. Quando a morte celular ocorre por necrose, há
a liberação de radicais livres que estimulam o crescimento
das células cancerosas.
"O processo de apoptose seria uma morte limpa da célula",
explica a professora Thereza. Em outro trabalho, "in vivo",
células tumorais foram tratadas com álcool perílico
e colocadas num ovo com embrião. Nesse caso, elas perderam
a capacidade de migrar. Esse foi um ensaio que demonstrou que as células
tumorais tratadas com álcool perílico perdem a capacidade
de formar metástase porque não migram (isto é,
o câncer não se aloja em outros pontos).
O tratamento convencional dos pacientes com câncer envolve cirurgia,
radioterapia e quimioterapia, procedimentos que também atingem
as células saudáveis e provocam diversos efeitos colaterais.
Segundo o professor Fonseca, a nova proposta tem como estratégia
agir no tumor de forma não-invasiva, sem afetar as células
normais. Assim, os pesquisadores decidiram adotar a inalação
como forma de administração do álcool perílico.
Ao ser inalado, o AP ele age diretamente no sistema nervoso central
e no tecido pulmonar.
O professor Clóvis Fonseca foi autorizado a fazer esse trabalho
por meio da utilização do AP em pessoas com tumor cerebral
"recidiva" (pacientes que passaram por todos os tratamentos
convencionais, tinham sido operados e voltaram a apresentar a doença).
O trabalho está sendo feito na UFF com pacientes encaminhados
ao Huap, onde foi criado em 2005 um ambulatório de neurooncologia.
O tratamento é totalmente gratuito e os pacientes tratados
com álcool perílico, até o momento, não
apresentaram qualquer efeito colateral indesejável.
No momento, estão sendo tratados com o AP quatro pacientes
com tumor cerebral. Um deles é N.L.S., que apresenta glioblastoma
multiforme, um tipo de tumor bastante agressivo em que a sobrevida
é muito pequena. O paciente começou a ser tratado no
dia 4 de novembro de 2004 e, segundo o médico, seu estado era
terminal. Apresentava dificuldades respiratórias e para engolir
e estava paralisado em todo o lado esquerdo. Também não
falava e estava em estado de torpor. Depois de começar o tratamento
diário com o AP, o paciente se alimenta, conversa e está
desperto, mas ainda continua paralisado. Os demais pacientes estão
sendo monitorados e neles o tumor não aumentou.
A equipe, atualmente, atende somente pacientes com
tumor cerebral encaminhados para este tratamento.
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